Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte,
não temerei mal algum. Porque tu estás comigo, o teu bordão e o teu cajado me
consolam (Salmo 23.4).
Costumo dizer sempre que a
morte é o fruto e o maior castigo para o pecado, sem sombra de dúvida. Há um filme estrelado por Antony Hopkins e Debra Green. No filme há a
história de C. S. Lewis, escritor com uma moça que é inglesa e se apaixona por
ele. E os dois acabam se casando e num determinado momento da vida deles, ela
descobre um câncer no fêmur. A luta começa com vários tratamentos, mas diante
de todos os acontecimentos ela perde a batalha, vem a falecer deixando um
filho com Lewis. Em um momento de conversa entre os dois, pai e filho, eles
expressam a saudade e a dor diante da morte de Joy.
Como vemos na experiência deste filme, a morte traz tristeza, dor,
solidão, decepção e angústia ao nosso coração. Ela traz insegurança para a
realidade da vida. Na Bíblia lemos em Gênesis 50:03 que na morte do Patriarca
Jacó, os egípcios choraram a morte dele por 70 dias, a morte parece puxar-nos o
tapete bem debaixo dos nosso pés, ela abala qualquer estrutura humana
dilacerando-nos por completo, não estamos prontos para a morte, não nos
desce bem tal acontecimento, pois ela, a morte é o fruto mais amargo do pecado,
é o seu filho mais sanguinário, é o carrasco que cumpre a sentença sem hesitar
um só momento, ela faz as famílias se desestruturarem completamente. Ela faz um
país todo poderoso no dia 11 de setembro de 2001 se sentir pequeno e totalmente
vulnerável. Ela faz uma família inteira chorar de dor ao ver o filho de 8 anos
sendo morto por um grupo de bandidos e jogá-lo num rio. Ela faz a gente perder
completamente o chão e ficar perplexo por causa da saudade e da perda. Então,
só alguém que conhece a morte e sabe como vencê-la é que pode nos consolar e
trazer alívio ao coração. Só o pastor da alma que passou por ela e a venceu é
que pode nos animar e nos tranquilizar revigorando-nos, pois Ele venceu a
morte, Ele tirou o poder do carrasco, Ele coloca-nos um novo tapete debaixo dos
pés, Ele nos refrigera a alma, Ele nos livra da sentença da morte nos dando sem
mérito nosso nenhum, a vida eterna.
No contexto de Israel o pastor guia as suas ovelhas para os espessos
gramados das encostas. Talvez esta jornada leve semanas ou meses e lá as
ovelhas ficam até que o outono e o inverno rigoroso terminem e a relva volte a
florescer. Mas, a verdade é que nem todos os pastores fazem esta jornada porque
a caminhada é longa e perigosa demais. Há plantas venenosas que podem intoxicar
o rebanho, animais selvagens que podem atacar o rebanho, trilhas estreitas e
vales escuros e por isso, alguns pastores preferem a segurança dos pastos
estéreis, embaixo. Mas, o bom pastor não, ele conhece o caminho e está
totalmente preparado, ele tem a vara para disciplinar e corrigir a ovelha amada
e o cajado para tanger e proteger e acariciar a ovelha, o rebanho. Davi
sabe muito bem desta realidade como pastor e por isso, ele diz que ainda que
ele ande pelo vale da sombra da morte, não teme mal algum. Assim, como ele
protege as suas ovelhas de predadores, está convicto de que o seu pastor
celestial o conduzirá da mesma forma aos campos elevados. Ele sabe que no meio
dos perigos e dilemas da vida Deus o levará para cima, para a montanha.
Há uma história de um capelão do exército francês que usava o Salmo 23
para encorajar os seus soldados antes da batalha. Ele insistia com seus
soldados para repetirem a primeira frase do Salmo 23, marcando cada palavra num
dedo. O dedo mínimo representava a palavra O; o anular, a palavra Senhor; o
médio a palavra é; o indicador a palavra meu e o polegar, a palavra pastor.
Quando eles precisassem de força o capelão dizia para eles identificarem o Salmo na palma da mão. O
capelão recordava aos soldados que Deus é um pastor pessoal com uma missão
pessoal, leva-los ao lar em segurança. E de fato os soldados levaram a sério
aquela dica do capelão porque um dos soldados após uma batalha foi achado
morto, sua mão direita agarrada ao indicador da esquerda. O que dizia indicado
pelo dedo do soldado era: O Senhor é o meu pastor.
Saibamos desta verdade até na hora da morte. O nosso pastor está nos
dirigindo e nos controlando em todo o tempo. Até na sombra da morte não
precisamos temer a nada, nada mesmo, pois o Senhor está presente conosco e
nunca nos abandona. É sempre bom
lembrar que a presença real, efetiva, constante de Deus, que é o nosso pastor,
não nos livra necessariamente do sofrimento, da dor, do abandono, da traição,
nem da morte física para a maioria de nós, quer seja natural ou por
circunstâncias desastrosas, mas sim, Ele nos garante que estará conosco durante
todo o sofrimento e isso queridos, faz toda a diferença. Lembrem-se das verdades da Palavra: E terás confiança, porque haverá
esperança; olharás ao redor de ti e repousarás seguro (Jó 11.18). Agora, pois,
Senhor, que espero eu? A minha esperança está em ti (Salmo 39.7). Ó minha alma,
espera silenciosa somente em Deus, porque Dele vem a minha esperança (Salmo
62.5). Deus nos abençoe. Soli Deo Gloria.
Pr.
Felipe Canosa
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