Para falar sobre este importante assunto, é preciso sem sombra de dúvida
falarmos sobre o CREDO APOSTÓLICO, entendermos e esmiuçarmos completamente o
seu significado e seu aplicativo. E aqui vemos outra dificuldade, pois a
palavra “credo” por incrível que pareça ainda causa aversão a muitos, pois a
maioria associa a palavra “credo” com o seguimento católico romano e o motivo
de se pensar assim é o de sempre, a falta de CONHECIMENTO das Escrituras
Sagradas, somado ao desconhecimento histórico eclesiástico ou seja, a igreja
não estuda, mais vale o que o pastor disser, isso se o que for dito for do
agrado de quem ouve.
É lamentável! Devo, portanto, esclarecer que o credo apostólico não tem
NADA a ver com a igreja católica romana, sua criação se deu por volta do século
terceiro ou quarto para combater um movimento herético crescente chamado
gnosticismo. A expressão “cruz credo” hoje deturpadamente tem o sentido de
alerta ou de nojo, mas originalmente significa: creio na cruz, ou seja, creio
no Jesus que vicariamente morreu em uma cruz para me salvar, ressuscitou e foi
assunto ao céu. O credo tem doze pontos, nada a ver com os doze apóstolos, hoje
ainda ensinado no cristianismo histórico embora o “cristianismo liberal” não
concorde, pois nega a ressurreição de Jesus Cristo, a sua encarnação, e a sua
morte pelos nossos pecados e ainda a Ascenção de Jesus aos céus. Portanto o
credo tem sim o seu enorme valor, embora seja insuficiente por não falar nada a
respeito por exemplo, a doutrina da justificação pela fé, as duas naturezas de
Jesus Cristo, totalmente Deus, totalmente homem.
Pois bem, Devido ao fato do Credo Apostólico ser a confissão de fé mais
popular do Cristianismo, tem-se chamado simplesmente de “O CREDO”. A
palavra Credo é de fato a conjugação verbal com o qual se
inicia o Credo Apostólico no latim, onde se declara: “Credo in Deum
Patrem”. No nosso idioma, o português a mesma oração se repete: “Creio
em Deus Pai”. Assim que o termo Credo significa apenas, Creio,
ou seja, eu creio, eu confesso e vivo a minha fé de forma pública e absoluta (2
Co 4:13) . Daí, simplesmente um credo que não é outra
coisa senão uma forma de se confessar e viver as nossas crenças básicas,
vejamos Mt 10:32 “Se uma pessoa afirmar publicamente que pertence a mim, eu também, no Dia
do Juízo, afirmarei diante do meu Pai, que está no céu, que ela
pertence a mim”. É chamado também de Símbolo Apostólico.
Este nome foi dado quando as heresias começaram a invadir a Igreja e a deturpar
as Sagradas Escrituras (a Bíblia), como já citei antes. A palavra “Símbolo” vem
do grego, e significa: marca distintiva, santo e sinal. Lamentavelmente hoje,
em pleno século XXI nos confrontamos com a mesma falta de conhecimento e com as mesmas heresias do passado, por
isso devemos resgatar o CREDO APOSTÓLICO, que sem dúvida consiste em narrar de
forma firme, completa e absoluta o que nos é ensinado nas Escrituras Sagradas.
O CREDO APOSTÓLICO se converte numa marca da veracidade
doutrinária apostólica e, portanto, a marca do verdadeiro cristão e da Igreja
verdadeira. Rufino (falecido em 410 d.C.) disse que o Credo foi dado como uma
marca contra os falsos apóstolos, e acrescenta: "assim, os apóstolos
prescreveram esta fórmula como sinal e penhor pelo qual se reconhece quem
realmente prega verdadeiramente a Cristo, segundo a regra apostólica, ou seja,
de acordo com os ensinamentos apostólicos que por sua vez foram ensinados pelo
Próprio Senhor Jesus Cristo".
Portanto repetindo, o Credo não é apostólico porque foi escrito pelos
apóstolos, mas por ser a sua doutrina de fé e prática, e também não tem nada a
ver com a igreja católica apostólica romana. Sua origem remonta a tempos
antiguíssimos. Por exemplo, tão antigo como o ano 107 d.C., Inácio (bispo de
Antioquia) expunha a doutrina verdadeira contra a heresia docética, que de
forma pecaminosa adentrou na sã doutrina. E para expor a regra de fé da Igreja
usou as seguintes palavras: “De maneira que, sejam surdos quando alguém vos
fale sem Jesus Cristo, o qual foi da linhagem de Davi, de Maria, quem
verdadeiramente nasceu, comeu como também bebeu, foi verdadeiramente perseguido
sob Pôncio Pilatos, foi verdadeiramente crucificado, e morreu tendo por
testemunhas os céus, a terra e o que há sob a terra; quem também
verdadeiramente ressuscitou dos mortos, quando o seu Pai o levantou. Seu Pai, a
sua semelhança, a nós os que Nele cremos, nos ressuscitará da mesma forma em
Cristo Jesus, sem O qual não temos absolutamente vida verdadeira”. (Carta aos
Tralianos, ix. 1-2). Para o grande
reformador genebrino, o francês, João Calvino
não havia nenhuma preocupação em saber quem era o seu autor, pois o importante
que devemos saber é que nele se encontra resumida e de modo claro toda a
história da nossa fé e que nada contêm nele que não se possa confirmar com
sólidos e firmes testemunhos da Escritura (Institutas, II XVI.18). É importante
lembrar que sempre estou a me referir ao credo apostólico criado pela igreja de
Cristo, não a versão católica romana. Portanto, precisamos conhecer mais a
nossa própria história e refutar toda e qualquer citação, regra ou norma que
não coadune com a Bíblia. Soli Deo Gloria.
Amém. Soli Deo Glória
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